sábado, 11 de junho de 2011

Itália chama embaixador no Brasil de volta a Roma



O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, anunciou nesta que convocou o retorno do seu embaixador em Brasília, Gherardo La Francesca, a Roma, segundo informou o correspondente do Estado em Genebra, Jamil Chade, à rádio 'Estadão ESPN'. O anúncio ocorre dois dias depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) libertar o ex-ativista italiano Cesare Battisti.
Italianos protestam contra decisão da Justiça brasileira que negou extradição de Cesare BattistiItalianos protestam contra decisão da Justiça brasileira que negou extradição de Cesare Battisti

















A volta do embaixador não é definitiva e oficialmente é feita para fazer consultas sobre o processo. No cenário diplomático, no entanto, a convocação seria demonstração clara de que a Itália discorda da justiça brasileira e que pode haver repercussões na relação entre os dois países. Em 2009 e 2010, o governo italiano também convocou o embaixador de volta para consultas sobre o julgamento de Battisti.

Na quinta-feira, 9, o governo italiano declarou abertamente seu descontentamento com a decisão da Corte brasileira. Battisti foi condenado na Itália à prisão perpétua por quatro homicídios e desde 2007 estava preso no Brasil. O ministro das Relações Exteriores já afirmou o governo vai recorrer ao Tribunal Internacional de Haia. "A partida não acaba aqui", prometeu.

Também na quinta-feira, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi disse não adotaria que qualquer tipo de ação diplomática em retaliação ao Brasil."O Brasil é um país amigo, essa decisão fere o nosso senso de justiça, como as feridas dos familiares das vítimas, mas neste país seguirão diferentes governos", ponderou.

Battisti em São Paulo

Cesare Battisti, livre das muralhas da Papuda, chegou a São Paulo às 6h50 da manhã gelada de quinta-feira. Da janela do voo TAM que o trouxe, contemplou o amanhecer carrancudo da metrópole, antes do pouso em Congonhas. Ocupava o assento 22 A.

Em seu primeiro dia de liberdade, depois de 4 anos e 2 meses prisioneiro de severa disputa diplomática, ele refletiu sobre o recomeço. Tomou algumas medidas. Aos 56 anos, sua nova trincheira será na maior cidade do País que lhe outorgou o asilo político. Sua causa, agora, é a literatura e com ela planeja retomar a vida. Sua arma, textos de ficção. "É o meu trabalho. Um romance sem história pode existir, mas não romance sem tema."

A obra do homem que a Itália acusa de quatro assassinatos nos anos 70 conta a vida de brasileiros que conheceu no cárcere da Polícia Federal. "Cada preso tem sua própria história, entendi o Brasil através de relatos dessa gente. Cada preso é uma janela do Brasil. É uma ficção biográfica. Sob o pretexto de denunciar situações sociais, adoto o gênero romance. É o tema que conta."

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