sábado, 11 de junho de 2011

Sem aulas, alunos temem perder chances em concursos


Deflagrada há mais de 40 dias, a greve dos professores da rede estadual de educação compromete ainda mais o já fragilizado sistema educacional gratuito. Milhares de estudantes em todo o Rio Grande do Norte, deixaram de assistir às aulas desde que o movimento foi iniciado no início do mês passado. Os mais prejudicados, porém, são os alunos do ensino fundamental 2 e do terceiro ano do ensino médio.

Os que ainda estão no fundamental, tentam se preparar para IFRNOs que ainda estão no fundamental, tentam se preparar para IFRN
















Muitos tentam ingressar em escolas de ensino técnico e superior, como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN) ou nas universidades federais e estaduais. O atraso na explanação dos conteúdos inviabiliza o aprendizado e impossibilita, em alguns casos, a aprovação num processo seletivo para ingresso nestas instituições.

Na maior escola da rede em todo o estado e um dos ícones da educação pública no passado, a situação não difere da maioria das outras 775 instituições de ensino públicas estaduais espalhadas pelo Rio Grande do Norte. Com 23 professores em greve, o ano letivo do Atheneu deverá ser estendido até 2012. Somente assim, a carga horária imposta pelo Ministério da Educação, poderá ser cumprida.

No Atheneu, as aulas das disciplinas de português, história, inglês e espanhol são mantidas pelos professores que não aderiram ao movimento e pelos contratados temporariamente. Para muitos alunos, o ano está perdido. Nas turmas do primeiro ano do ensino médio, disciplinas como física, química, matemática, geografia e biologia ainda estão pendentes de avaliação do primeiro bimestre. Não há previsão para realização das provas do segundo, que deveriam ser realizadas até o final deste mês.

Ontem, por volta das 10 horas da manhã, cerca de 30 alunos estavam no Atheneu. Juliana Ingrid, estudante do primeiro ano do ensino médio, deixava o local com um semblante de tristeza. "A gente se esforça, pega ônibus lotado e não temos aula. Existem alunos que não querem nada, mas eu meus amigos queremos estudar", afirmou. Na turma de Juliana, os professores reordenaram o horário e concentraram as aulas nas quintas e sextas-feiras.

A ideia foi bem recebida, mas nem sempre os alunos assistem à todas as aulas. "A gente sai de casa para ter somente duas horas de aula. Tem dia que tem só três, cinco alunos por turma", comentou Juliana. Nas turmas de terceiro ano, nenhuma delas teve aula ontem.

"Apesar de termos feito um horário extra e condensado as aulas, os alunos do terceiro ano são os maiores prejudicados", analisou a diretora do Atheneu, Marcele de Lucena. Ela explicou que, caso o calendário estivesse sendo seguido, as aulas terminariam no dia 18 de dezembro. Com os dias perdidos com a paralisação dos professores, o ano letivo 2011 só será cumprido totalmente no início de fevereiro do ano que vem. A reposição de aulas aos sábados foi descartada pelos professores.

Além da implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, a maioria dos diretores das escolas estaduais cobram o pagamento das gratificações que deveriam ser realizadas mensalmente por eles responderem administrativamente pelas instituições. A diretora Marcele de Lucena, explica que cada professor que é eleito para a direção recebe no máximo R$ 900 de gratificação.

Os professores reivindicam o pagamento de 30% do Plano de Cargos,Carreirase Salários, que está atrasado para cerca de 3 mil servidores desde janeiro.Também está atrasado o repasse da segunda parcela de 30%, que estavam previstas para acontecer em março passado. A diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte RN), Fátima Fonseca, foi procurada para comentar os próximos passos da paralisação.

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