quinta-feira, 7 de julho de 2011

Líderes grevistas negam interesses políticos e consideram "absurdas" afirmações de secretário a O Poti



As críticas do secretário-chefe do Gabinete Civil do Estado, Paulo de Tarso Fernandes, aos servidores grevistas, na entrevista publicada em O Poti/Diário de Natal do último domingo, foram rebatidas ontem, por líderes sindicais. Eles consideraram "absurdas" as acusações do secretário de que as greves são radicalmente políticas. Os servidores grevistas frisaram que o objetivo das greves é a conquista de melhorias para as classes trabalhistas.

O vice-presidente do Sindicato Estadual dos Trabalhadores em Educação (Sinte-RN), José Teixeira, rechaçou a análise feita por Paulo de Tarso sobre as facções que disputam o comando do sindicato. "Na verdade, ele (Paulo de Tarso) até entra em uma seara que não é dele, quando diz que há uma briga política no sindicato. Isso não é da conta do governo. Nossos conflitos internos são problemas da gente", declarou.

Teixeira também rebateu a teoria do secretário de que a greve é uma disputa de facções do PT para exibir o desgaste do governo como troféu. "Não queremos o desgaste do governo. Isso não nos interessa. Se o governo cumprisse a lei do piso nacional e o nosso plano de carreira, que também está previsto em lei, não haveria greve. É política sim. Mas, é política em defesa da educação. Não é partidária", afirmou.

De acordo com o vice-presidente do Sinte-RN, Paulo de Tarso também cometeu um equívoco ao dizer que a greve na educação é parcial. "Queremos que o governo faça uma pesquisa para saber o que a categoria pensa e quer do governo. O governo se contradiz quando afirma que só há 50% em greve, mas que há 300 mil alunos prejudicados. Há 90% dos professores em greve. Não há normalidade no ano letivo do Rio Grande do Norte", enfatizou.

O vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis do estado (Sinpol-RN), Djair Oliveira, também repudiou as afirmações do secretário. "O que a gente espera do governo é diálogo. Nossa greve não tem a ver com nenhum partido político. A greve é um direito constitucional e vamos fazer greve sempre que o direito do trabalhador for desrespeitado. Estamos buscando melhorias para a categoria e para o serviço de segurança pública", declarou.

Já o presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Indireta (Sinai), Santino Arruda, disse que vê nas palavras do secretário a tentativa de desviar o foco do debate mais uma vez. "Paulo de Tarso sabe que as greves não são políticas. Ele tanta mudar o foco do assunto. Dizer que a greve é política é bobagem. É ignorar a luta dos servidores por melhorias. A lei nos garante o reajuste. O governo vai ter que pagar", enfatizou.

"Declarações mostram posição do governo"

Ao comentar as declarações de Paulo de Tarso, o deputado estadual Fernando Mineiro (PT) afirmou, em entrevista ao Diário de Natal, que o chefe do Gabinete Civil é responsável pelas decisões do governo Rosalba Ciarlini (DEM). "As declarações de Paulo de Tarso refletem o posicionamento do governo. Não é uma visão pessoal dele. Rosalba não se pronuncia sobre nada. Quem governa e faz o papel de primeiro ministro é Paulo de Tarso", analisou.

Para Mineiro, as ações administrativas da gestão democrata estão centralizadas nas mãos do "super secretário". Segundo ele, as posições de Paulo de Tarso refletem o estilo do governo. "Enquanto o secretário toma as decisões, a governadora participa de procissões e posa para fotos", alfinetou. O petista também criticou a postura do Executivo nos primeiros meses de gestão. "O governo atentou para tentar desqualificar entidades de servidores, empresários e a própria Assembleia", reclamou.

Mineiro explicou que o projeto do Executivo que criava incentivos fiscais para importações no Porto de Natal não poderia passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa (AL), da qual ele faz parte, porque era inconstitucional. Ele afirmou que não houve "lobby" da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern) para derrubar o projeto. "A Fiern foi convidada a participar do debate pela CCJ", afirmou. Para o petista, "o governo segue a mesma trilha da prefeitura. Ainda é cedo para avaliar se vai seguir o mesmo rumo. Mas começou muito mal".

Para Walter Alves, planos são legais

Questionado sobre a crise entre o governo e as entidades sindicais que comandam as greves no Rio Grande do Norte, o deputado estadual Walter Alves, líder do PMDB na Assembleia Legislativa (AL) e membro da base de apoio à governadora Rosalba Ciarlini (DEM), foi cauteloso. "Eu defendo o diálogo. O secretário Paulo de Tarso esteve na Assembleia e mostrou as possibilidades do governo. É preciso criar um cronograma para que os funcionários do estado recebam os reajustes. Os aumentos foram legais", declarou o parlamentar. Walter, no entanto, frisou que o governo só poderá cumprir as leis dos planos de cargos se estiver dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Para o deputado, as divergências entre o governo e Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern) já foram superadas. Ele disse que as farpas trocadas entre Paulo de Tarso e o presidente da entidade, Flávio Azevedo, ficaram no passado. "Acho que a polêmica entre o governo e a Fiern é uma questão superada. Os dois em parceria tem interesse de desenvolver o Rio Grande do Norte", amenizou. Ao avaliar os seis primeiros meses de governo, Walter destacou a busca pelo equilíbrio econômico. "O governo encontrou dificuldades em relação à LRF, precisa buscar capacidade de investimento e equilíbrio financeiro. A expectativa é para que muito em setembro essas dificuldades sejam superadas", finalizou.

O deputado Fernando Mineiro critica a avaliação de Paulo de Tarso referente aos seis primeiros meses do governo Rosalba. "Quando o governo diz que os primeiros seis meses teve como conquista a Copa do Mundo, coloca em cheque as palavras do deputado federal Henrique Eduardo (PMDB), do senador José Agripino (DEM) e de outros representantes da classe política que afirmavam que a Copa estava garantida no ano passado. Eles estavam mentindo?", questionou.

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