quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Estudo aponta que o Crack está presente em 106 cidades do RN



Pelo menos em 106 municípios potiguares as drogas circulam livremente. Essa é a constatação do Observatório do Crack, estudo idealizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) que teve como objetivo traçar um perfil de quais e quantas cidades brasileiras convivem com a sombra dessas substâncias químicas. Além disso, a pesquisa visava ainda saber quantas dessas localidades mantêm centros de apoio direcionados ao tratamento dos dependentes químicos.

Apresentaram alto consumo de crack 29 municípios potiguares. A grande maioria foi enquadrada como consumo médio e 36 foram catalogados de baixa consumação da droga. Algumas cidades não informaram as respostas solicitadas pelo levantamento, inclusive Natal uma das únicas do estado que conta com o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (Caps-ad).

Natal, assim como as demais capitais do país, está entre os principais municípios consumidores de entorpecentes. Para tentardiminuir a presença dos "zumbis do crack", a Secretaria Municipal de Defesa Social (Semdes) está realizando uma ação nas ruas da cidade e tentando diminuir a concentração desses usuários em um só local. Até o momento, o órgão já fiscalizou duas áreas: na avenida Juvenal Lamartine e no cruzamento das avenidas Prudente de Morais e Antônio Basílio.

"Além das reclamações informais, nós recebemos reclamações através do Ciosp (Centro Integrado de Operações da Segurança Pública)", declarou o secretário da Semdes, Carlos Paiva. Os profissionais da secretaria estão avaliando os principais pontos de encontro dos usuários. O trabalho de observação na Juvenal Lamartine constatou que os "rodeiros", que trabalham no sinal limpando carros, recebiam o dinheiro do motorista e depois seguiam para comprar pedras de crack. Somente neste local 16 pessoas foram abordadas porque estavam utilizando os canteiros para usar drogas, praticas sexo e explorar crianças e adolescentes. "Nenhum delas aceitou ser ajudada", disse o secretário.

A aceitação do trabalho da Semdes foi melhor no terreno baldio no cruzamento da Prudente com Antônio Basílio. Das 21 pessoas orientadas a deixar o local, três foram encaminhadas para o Albergue Municipal. "Lá, além de dormir, eles poderão ser inseridos em programas sociais", explicou Carlos Paiva. O órgão além de encaminhar os usuários socialmente, caso eles aceitem, também ajuda no trabalho da segurança pública. As pessoas encontradas nestas condições têm os dados avaliados pelo Ciosp, para saber se não há dívidas com a Justiça. "Eu peço que as pessoas não entregue o dinheiro no sinal. A maior parte dos rodeiros gastam tudo com droga", apela o titular da pasta.

Consumo se interiorizou, admite Sesap

Na avaliação do secretário estadual de saúde, Domício Arruda, a pesquisa comprova que o consumo de crack ultrapassou as barreiras da Região Metropolitana e se interiorizou. "O trabalho de detecção e tratamento dessas pessoas é feito pelos municípios por meio dos Caps, contudo a secretaria dar o suporte e capacitação para os profissionais que vão lidar com os dependentes químicos", disse.

Domício afirmou também que a Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap/RN) conta com um setor para capacitar os profissionais encaminhados pelos municípios. Atualmente, segundo o secretário, a Sesap oferece tratamento para os usuários de drogas no Hospital Psiquiátrico João Machado que conta com 130 leitos, sendo a maioria utilizada por usuários de drogas, especialmente do álcool.

A quantidade de leitos será ampliada visto que a unidade hospitalar conta com espaço suficiente, porém a equipe da Sesap aguarda uma portaria do Ministério da Saúde que vai regulamentar quantos leitos devem ser acrescentados e disponibilizados exclusivamente para internação dos usuários e dependentes de crack que necessitem de atendimento diferenciado.

Os dados do levantamento foram informados pelos próprios municípios brasileiros em 2010. O observatório é mais uma ferramenta fundamental para a gestão de ações municipais intersetoriais. A pesquisa conta com informações completas do mapeamento feito em 4.422 das 5.155 cidades do país e possibilita uma avaliação da situação enfrentada por cada ente municipal com o objetivo de orientar a gestão local para a estruturação e organização de ações e serviços de monitoramento e controle do crack e outras drogas.

O Observatório do Crack também tem a finalidade de captar e manter informações atualizadas e seguras por município sobre a situação real da circulação e consumo de drogas, bem como sobre as políticas locais de enfrentamento ao crack e outras drogas, as estruturas assistenciais, os programas, as iniciativas inovadoras, o financiamento e as experiências bem sucedidas.

A ideia éque as informações sejam inseridas a atualizadas periodicamente pela equipe municipal, que terá acesso livre as suas informações e ficará responsável pelas mesmas. A CNM manterá todas as informações em ambiente seguro do Observatório e publicará apenas os dados gerais por município. 

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