quinta-feira, 31 de maio de 2012

RN Falta de professores ainda atrapalha escolas estaduais





A convocação de 427 professores substitutos, anunciada esta semana pela Secretaria Estadual de Educação, é vista como uma das saídas para reduzir a carência de docentes nas salas de aula e foi apontada como uma medida “coerente” até mesmo pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte), enquanto se espera pelo concurso público. Até a chegada dos novos docentes, porém, algumas escolas ainda enfrentam dificuldades para completar seus quadros.
De acordo com a diretora da 1ª Regional de Educação (Dired), Ana Alice Fernandes de Oliveira, os levantamentos iniciais realizados junto às 155 escolas de Natal e da Região Metropolitana, que compõem a diretoria, apontam para a necessidade de apenas 22 novos professores. “Matemática e Português são as disciplinas que mais precisam. Tem também de Química e Física (que eram as áreas mais carentes no passado), no entanto é um ou dois”, cogita.

Titular da Coordenadoria dos Órgãos Regionais de Educação (Core) da secretaria, Elizabeth Jácome afirma que os números relativos a todas as Direds devem ser fechados ainda hoje. Ela reconhece que nem todos os 427 professores temporários convocados irão assumir, porém afirma que mesmo com um número menor o problema “ainda não será resolvido de todo, mas restarão somente casos pontuais”.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE visitou escolas da rede estadual na manhã de ontem e constatou que a carência de professores é aparentemente menor que em anos anteriores. “Pela manhã precisamos ainda de professor de Religião, Educação Artística e para uma turma de Matemática e à tarde um professor de Artes”, explicou a diretora da Escola Estadual Augusto Severo, Anamárlia Medeiros.  

Um problema comum, no entanto, ainda é a falta de profissionais para substituir os professores que saem de férias, ou de licença. “Desde agosto do ano passado entrei com o pedido da licença prêmio, mas até hoje não pude sair porque não tem quem me substitua”, revelou a professora de Língua Portuguesa, Maria das Dores Pinto. 

Ela terá direito à aposentadoria já no final deste ano e não sabe, a essa altura, se vai perder o benefício da licença, que já soma o equivalente a um ano. “Estou tendo meu direito negado por falta de professores que me substituam”, lamenta. A diretora da escola reconhece a dificuldade de reposição, no entanto a coordenadora Elizabeth Jácome afirma que as Direds já vêm constituindo uma espécie de cadastro de reserva para atender casos como esse.

Segundo a titular da Core, o mais provável é que, após os professores substitutos assumirem, restem carências pontuais em regiões como o Mato Grande, onde ainda há poucos cursos de nível superior formando pessoas qualificadas para dar as aulas. Ainda assim, ela considera que os problemas têm diminuído. Prova disso é o Anísio Teixeira, em Petrópolis, cujo turno matutino carece de apenas um professor para fechar duas aulas de Sociologia, enquanto na Alberto Torres, próximo à Praça das Flores, a informação é que o quadro está completo.
apresentação

Os professores substitutos convocados pela Seec (a lista completa está no site www.educacao.rn.gov.br) devem se apresentar em diferentes locais, a depender da região. Os pertencentes à 1ª Dired, que compreende os municípios de Natal, Extremoz, Macaíba e São Gonçalo do Amarante, têm até hoje para se apresentar no Centro Estadual de Educação Profissional (Cenep) Senador Jesse Pinto Freire, na rua Trairi, em horário comercial.

Estudantes querem aulas e livros

A estudante Jaiane Nascimento, de 17 anos, cursa o 3º ano do Ensino Médio no Colégio Atheneu e lamenta a falta de professores em algumas disciplinas. “Não tivemos ainda aulas de Química. E Filosofia e História está com problemas também”, revela. Com o objetivo de prestar vestibular para Fisioterapia ou Enfermagem, ela entende que sem um cursinho extra fica difícil pensar em competir com alunos da rede particular.

A diretora da escola, Marcelle de Lucena detalha as carências enfrentadas. “Precisamos de professor para dar duas aulas de Biologia, seis de Geografia, oito de Língua Portuguesa e 24 aulas de História”, aponta. Com relação à disciplina de Química, ela explica que a professora esteve de licença, por 45 dias, mas retorna esta semana às aulas. 

Marcelle atribui parte da redução na carência de professores à diminuição no número de turmas. De 2010 para este ano foram fechadas sete do turno vespertino e os docentes puderam ser remanejados entre as demais turmas. A gestora agora torce para que as demandas atuais sejam preenchidas com a chegada dos professores substitutos recém convocados pelo estado.

No Atheneu, no entanto, as reclamações não se resumem à falta de professores. De acordo com estudantes do 3º ano, parte dos alunos não receberam os livros didáticos e estão tendo de dividir o material com os colegas. A diretora confirmou o problema, que atingiria em torno de 20% dos estudantes, e culpa a não devolução de parte dos livros distribuídos em 2010, além da quantidade pequena enviada à escola a título de reposição.

Sindicato cobra concurso para 4 mil professores

A coordenadora geral do Sinte/RN, Fátima Cardoso, considerou a convocação dos professores temporários que passaram pelo processo seletivo simplificado uma medida mais “coerente” do que a alternativa que vinha sendo adotada, ou seja, a convocação de estagiários para suprir a falta de docentes. Ela lamentou, porém, os repetidos adiamentos relativos ao concurso público, que deveria ter sido realizado desde o governo anterior.

O prazo mais recente dado pela Secretaria de Educação, para a publicação do edital, é maio. Hoje há aproximadamente 900 estagiários atuando nas escolas estaduais e, com os novos convocados, mais de 2 mil professores temporários devem prestar serviços nas salas de aula da rede. O Sinte entende que a carência é ainda maior e Fátima Cardoso estima em mais de 4 mil, ao todo.

“Se (o concurso) for para menos do que isso vamos continuar dependendo de contratações temporárias”, criticou a sindicalista. Fátima Cardoso considera imprescindível contar com docentes devidamente capacitados também em bibliotecas e salas de multimídia das escolas, para poder transmitir o conteúdo com a devida eficiência. Ela afirma que os profissionais nessas condições não se encontram em desvio de função, mesmo estando fora de sala de aula.

A expectativa da Secretaria de Educação é realizar o concurso público este ano e, em 2012, não precisar convocar estagiários, nem professores provisórios. No final de março o governo fechou um acordo com o Tribunal Regional do Trabalho e a 4ª Vara da Fazenda Pública, autorizando a permanência de 2.634 estagiários e professores provisórios em sala de aula somente até o fim de 2011, com o compromisso de realização do concurso. O processo seletivo levará em conta as necessidades de pessoal e a capacidade financeira do estado.
FONTE TRIBUNADONORTE

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