domingo, 5 de junho de 2011

Obras paradas se proliferam no RN

O dinheiro público não perde apenas quando é desviado por gestores corruptos. Esse dinheiro se perde também quando é aplicado em obras que "nunca" são colocadas à disposição da população. Encontrar obras paradas, abandonadas ou muito atrasadas não é uma tarefa muito difícil no Rio Grande do Norte. Muito pelo contrário, basta visitar os municípios para encontrar o dinheiro público "encalhado".

Obra de quadra de esportes abandonada em Porto do Mangue aguarda recursos para conclusão
Obra de quadra de esportes abandonada em Porto do Mangue aguarda recursos para conclusão

A reportagem pegou a estrada e visitou cinco municípios  Itajá, Assú, Carnaubais, Areia Branca, Porto do Mangue e Upanema e, não por acaso, encontrou esse tipo de problema em todos eles.

Em Itajá, cidade de 6.952 habitantes, estão paralisadas as obras de construção da praça de eventos e também de uma quadra de esportes na Escola Municipal Libânia Lopes Pessoa. As obras acabaram deixando a população no prejuízo.  A construção da praça de eventos está longe de ser concluída. Umas das poucas coisas feitas é parte do palco.

Sentado em uma calçada, o estudante da Escola Municipal Libânia Lopes, Oziel de Souza, 13 anos, lembra que brincava com os colegas na antiga quadra da escola, que foi destruída para a construção da nova quadra. Mas a obra parou nas pequenas arquibancadas. A quadra em si ainda não recebeu um quilo de cimento ou outro material qualquer. A diretora da escola, Aparecida Medeiros, relata que não tem como oferecer esporte aos estudantes, que têm que usar o ginásio municipal.

A reportagem deixou Itajá e seguiu para Assú, 53.245 habitantes, onde encontrou mais uma obra parada. Desta vez de uma creche. No local, não existia qualquer sinal de trabalhadores e a quantidade de mato cercando a obra denunciava que ali, há tempos, não se mexe com uma pá. Em Areia Branca, 25.263 habitantes, o problema é ainda mais sério, pois a obra paralisada é do único hospital da cidade. A reforma e ampliação do Hospital Sara Kubitschek empacou e durante a visita da reportagem não existia uma única pessoa no local para dar qualquer informação. Uma placa encravada em frente ao hospital informa que a obra deveria ser entregue em seis meses.

Em Upanema, 12.985 habitantes, a reportagem encontrou duas obras com problemas, uma ao lado da outra. A construção de uma creche anda a passos lentos e já passou do prazo de entrega, 3 de abril passado, enquanto que a obra do complexo cultural está totalmente parada. Essas duas obras são as mais caras encontradas pela reportagem, totalizando mais de R$ 2,3 milhões.

A reportagem encontrou problemas também em Carnaubais, 9.975 habitantes, Porto do Mangue, 5.217 habitantes, e até em Mossoró, 259.886 habitantes, seu ponto de partida e chegada.

Um grande número de obras paradas que afetam diretamente a vida da população. A mãe que está sem a creche para deixar o seu filho, a criança que não tem onde jogar bola e todo o povo que não tem para onde ir quando apresenta um problema de saúde, pois o hospital está fechado. Esse é um cenário de apenas sete municípios, mas que dá uma dimensão de uma realidade vivenciada em todas as cidades do RN.

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