domingo, 10 de julho de 2011

Oposição aponta derrota da tese do ex-presidente Lula

ACM destaca que manifestação do procurador chega em uma circunstância negativa para o governoACM destaca que manifestação do procurador chega em uma circunstância negativa para o governo



A oposição enxergou na manifestação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pedindo ao STF a condenação de 36 pessoas no processo do mensalão, uma derrota da teoria difundida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o esquema de compra de apoio político nunca existiu. Para os oposicionistas, uma condenação em massa no processo seria importante para reduzir qualquer sensação de impunidade.

 
O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), foi um dos que viu na manifestação de Gurgel uma derrota de Lula. "A manifestação do procurador é a confirmação formal e material da existência do mensalão. Temos que esperar a decisão, mas isso derruba o que o próprio presidente Lula falava de que não existiu mensalão, que tudo era uma peça da oposição tentando desviar o foco".

O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), afirmou que Gurgel fez o "óbvio" ao confirmar a denúncia encaminhada pelo seu antecessor, Antonio Fernando de Souza. Ele ironizou tentativas do PT de reabilitar personagens denunciados no esquema, como José Dirceu e Delúbio Soares. "Quero ver o que o PT vai dizer dos filiados que tentou inocentar na marra".

ACM Neto, líder do DEM na Câmara, destacou que a manifestação vem em momento ruim para o governo. Ele lembrou que dois ministros, Antonio Palocci e Alfredo Nascimento, deixaram seus cargos no último mês devido a denúncias e o escândalo dos aloprados foi ressuscitado com acusações contra Aloizio Mercadante, ministro de Ciência e Tecnologia. "Essa posição do procurador amplia o desconforto do PT e do governo, que está envolvido em diversos escândalos".

O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), destacou o fato de a denúncia contra os mensaleiros ter acontecido no momento em que está em tramitação o processo de recondução de Gurgel. Sua indicação deve ser analisada pelo Senado na próxima semana. Ele atribuiu a isso a exclusão de Luiz Gushiken da lista de denunciados. "Ele quis melhorar a imagem de governistas, tentando obter simpatia na sabatina".

Demóstenes afirma ter perdido a confiança em Gurgel depois que o procurador ter se recusado a avaliar a situação de Palocci. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) fez a mesma ressalva. Para ele, a acusação sobre o mensalão seguiu adiante porque já havia muito material na procuradoria. "Não dava para arquivar".

O líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), prevê que o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) dos mensaleiros "será histórico". "O procurador reafirma a denúncia feita por seu antecessor, inclusive se valendo da veemência, da acusação fulminante quanto à existência de uma organização criminosa interessada em manter um projeto político com pleno conhecimento da presidência da República", destaca o tucano.

Banco Rural afirma que há equívocos

A assessoria de imprensa do Banco Rural divulgou nota na tarde de ontem na qual afirma que a instituição financeira entende que a manutenção das acusações contra quatro executivos que atuavam na empresa à época do "mensalão", nas alegações finais da Procuradoria Geral da República, é um "equívoco" e "não se sustenta". O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apresentou ontem (7) ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para que sejam condenados 36 réus do processo.

Entre eles, estão a ex-presidente do Banco Rural Katia Rabelo, o ex-vice-presidente José Roberto Salgado, a ex-vice-presidente Aryanna Tenorio e o diretor Vinícius Samarane, que permanece no cargo. A executiva Katia Rabelo é hoje uma das acionistas do Banco Rural, o executivo José Roberto Salgado atua como um dos membros do Conselho de Administração do Banco Rural, enquanto Aryanna Tenorio deixou a instituição.

Na nota, a assessoria de imprensa lembrou que as acusações contra os executivos, no processo do "mensalão", referem-se a supostas irregularidades em práticas bancárias, o que, segundo ela, são "questões de natureza técnica e periféricas no processo". "A esse respeito, a acusação contesta, por exemplo, a veracidade de determinados empréstimos concedidos pelo Banco, os quais, no entanto, foram feitos de acordo com as práticas de mercado e as normas bancárias", alega. "A veracidade desses empréstimos já foi reconhecida, inclusive, em perícia oficial desse processo", acrescenta.

O Banco Rural ressalta no texto que tem "colaborado" e "cooperado plenamente" com as autoridades desde o início das investigações.

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