domingo, 3 de julho de 2011

Confrontos nas ruas da Síria provocam mais 14 mortes


Centenas de milhares de pessoas invadiram cidades em toda a Síria ontem, uma das maiores manifestações contra o regime do presidente Bashar Assad desde que o levante teve início mais de três meses atrás. Pelo menos 14 pessoas morreram em vários confrontos, informaram ativistas.
Manifestantes protestam, em Beirute, contra o regime sírio, apesar da dura repressão do governoManifestantes protestam, em Beirute, contra o regime sírio, apesar da dura repressão do governo

 















 Os protestos destacam a resiliência dos manifestantes, apesar da dura repressão do governo. Grupos de direitos humanos sírios dizem que mais de 1.400 pessoas já foram mortas, a maioria manifestantes desarmados, desde meados de março. O regime contesta esse número, responsabilizando "bandidos armados" e conspiradores internacionais pelo levante que representa o desafio mais sério aos 40 anos da dinastia da família Assad no poder.

O ativista Mustafa Osso disse que grandes multidões se espalharam pelas ruas após as orações do meio-dia em todo o país, incluindo na capital Damasco. Dentre as maiores aglomerações estava a da cidade de Hama, região central do país

Já a televisão estatal síria divulgou imagens de manifestantes pró-governo em diferentes partes do país, que carregavam bandeiras sírias e pôsteres com a imagem de Assad.

Os protestos em Hama representam mais complicações para o governo. Forças de segurança deixaram a cidade no início de junho depois que tiroteios deixaram 65 mortos. Agora, as ruas estão cheias de opositores, número que, segundo os ativistas chegou a 300 mil ontem. Na sexta-feira, as forças de segurança se mantiveram fora da cidade, informaram ativistas.

Hama também tem uma forte representação para a oposição. Em 1982, o pai de Assad, Hafez Assad, enviou forças de segurança para esmagar um levante, numa ação que deixou entre 10 mil e 25 mil mortos.

Segundo Omar Idilbi, porta-voz dos Comitês de Coordenação Locais, que acompanham os protestos no país, as forças de segurança mataram pelo menos três pessoas em Homs, também na região central do país, após abrirem fogo contra os manifestantes. A televisão estatal disse que homens armados começaram a atirar contra policiais, ferindo um deles e matando um civil.

Mais tarde, os Comitês emitiram um comunicado dizendo que mais seis manifestantes foram mortos a tiros em outras partes do pais, dentre eles dois em Damasco. Idilbi também disse que, aparentemente, partidários do governo à paisana esfaquearam manifestantes, deixando pelo menos 12 feridos em Homs.

Em outros confrontos, três pessoas foram assassinadas durante uma operação militar cujo objetivo era sufocar o fluxo de refugiados que se dirige para a fronteira com a Turquia, disse Rami Abdul-Rahman, diretor Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres.

Mais de 10 mil sírios já buscaram refúgio em campos instalados na Turquia.

O governo sírio proibiu a atuação da mídia estrangeira no país e restringe a cobertura de órgãos de imprensa locais, o que torna difícil confirmar de forma independente as informações.

Um vídeo postado na página dos Comitês de Coordenação Centrais no Facebook, mostra dezenas de pessoas marchando do lado de fora de uma mesquita do bairro de Midan, região central de Damasco, gritando "Fora Bashar, a Síria é livre".

Na Lituânia, a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton pediu que o regime de Assad inicie um processo de reforma política ou vai continuar "a ver a resistência cada vez mais organizada". "Não parece haver uma mensagem coerente e consistente vinda da Síria", disse ela em coletiva de imprensa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário