quinta-feira, 26 de maio de 2011

Os humildes também sabem ensinar.



Meu primeiro contato com o público ocorreu quando eu tinha onze anos e fui ler um trecho do Evangelho no púlpito da igreja São Carlos, numa missa de domingo. A participação dos pais é fundamental num momento como esse.
      Num domingo desses, acompanhei um de meus filhos à missa. Ele estava na época de concluir a Primeira Comunhão e, com outras crianças, fazia a leitura de um trecho do Evangelho. Após a leitura, houve uma canção de louvor, interpretada pelo coral da igreja. Enquanto todos tentavam acompanhar a letra, um rapaz aparentando deficiência começou a cantarmuito mais alto que qualquer pessoa da igreja ou do coral. Ele gritava com fervor intenso, mas estava completamente fora do ritmo de toda igreja.


      A canção continuava, e as pessoas começaram a espiar para os lados, procurando quem emitia o cantarolar fora de ritmo e, certamente, causava desconforto em muita gente ali. A rapaz estava no banco ao meu lado, e eu podia sentir amor em sua expressão de fé. Mas as pessoas estavam incomodadas, e uma delas, da fileira à minha frente, disse: "Alguém aí pode fazer esse jovem parar de cantar dessa maneira ou retirá-lo da igreja?!".


     Então meu filho menor perguntou: " Papai, o senhor acha que ele está cantando mal?".


   " não, meu filho, preste atenção... Ele é o único que sabe a letra da canção. A maioria das pessoas na igreja apenas balbucia a letra, mas esse jovem sabe a letra direitinho. E é o único que está cantando com amor, da melhor maneira que aprendeu. As outras pessoas estão aqui com a mente, ele está aqui com o coração. Se Cristo tiver de escolher alguém desta missa para cantar no Céu, hoje, com certeza será esse jovem trovador."


                                                                                                    Cesar Romão



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