quinta-feira, 26 de maio de 2011

Planos aumentariam folha em 5%

O Governo do Estado divulgou o estudo financeiro da implantação completa dos 15 planos de cargos, carreiras e salários aprovados no ano passado. Pelos cálculos oficiais, o impacto anual seria de R$ 162,7 milhões, já incluindo o pagamento do 13º salário e férias. Esse valor, resultaria em um acréscimo mensal de 5% na atual folha de pagamento dos servidores estaduais, que é de aproximadamente R$ 231 milhões/mês. O valor divulgado pela Assessoria de Comunicação do Governo do Estado não leva em consideração o impacto dos reajustes acertados com os professores, policiais civis e médicos, que fizeram negociações diferenciadas.

Servidores das administrações indiretas estiveram reunidos ontem em assembleia geral. Quinze categorias lutam por planos de cargos
Servidores das administrações indiretas estiveram reunidos ontem em assembleia geral. Quinze categorias lutam por planos de cargos


Dos R$ 162 milhões, R$ 98 milhões são relativos à implantação completa dos planos de cargos dos  servidores da administração direta e os R$ 64 milhões restantes, da administração indireta.

O secretário estadual de administração, José Anselmo de Carvalho, voltou a tocar no ponto da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e no limite prudencial para justificar a impossibilidade de cumprimento dos planos. “Esse limite já está sendo ultrapassado e estamos fazendo de tudo para cortar gastos. O nosso fôlego na LRF não chega a ser o impacto dos 5% mensais necessários para cumprir o que foi aprovado no ano passado”.

Segundo ele, todos os 15 planos aprovados em março de 2010 condiciona suas implantações à Lei de Responsabilidade Fiscal.  Anselmo participou ontem da reunião com o chefe do Gabinete Civil, Paulo de Tarso, que recebeu os protestantes da administração indireta.

Os representantes dos servidores tornaram a ouvir a impossibilidade de pagamento por parte do Governo e não foram apresentadas propostas para as reivindicações.

Para o presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Indireta, Santino Arruda, a justificativa baseada na LRF é uma  “falácia, artimanha e um meio de destruir a conquista dos trabalhadores”.

“Não se aprova planos como esse sem ser realizado um estudo sobre o impacto e as condições de pagamento. Já havia essa previsão orçamentária e o Governo não se mexeu”, protestou Arruda. 

O representante do Sinai voltou a rebater os argumentos do Estado para não negociar. “O Executivo tem que parar de falar coisas que não se fundamentam. Em 2010 a situação estava pior e hoje temos que encontrar outros mecanismos para cumprir o acordado”.

Segundo Arruda, o orçamento do Estado teve aumento de 22% em relação a 2010. Receitas de arrecadação também subiram. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) teria subido 16%.

Arrecadação

Números do Portal da Transparência do Governo do Estado dão conta que a arrecadação registrou aumento de 10% no primeiro quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Cresceu de R$ 2,19 bilhões para R$ 2,39 bi (R$ 200 milhões a mais).

O secretário de administração, José Anselmo, fez ressalvas quanto ao aumento da arrecadação e a relação com o pagamento dos servidores. De acordo com ele, o Portal de Transparência unifica valores, pois é exigido um modelo estadual. E o número pode levar a interpretações erradas.

“Vendo assim, alguns poderiam pensar que o aumento na arredação poderia subsidiar o pagamento dos servidores. No entanto, há receitas vinculadas que não podem pagar pessoal, como royalties, verbas do SUS e do Ministério dos Transportes”, declarou Anselmo.

Um novo encontro da administração com  os servidores da administração indireta foi agendado para a próxima semana.

Procuradoria estuda possível ilegalidade

O Procurador Geral do Estado, Miguel Josino, tenta confirmar a informação de que o Ministério Público Estadual teria alertado a Assembleia Legislativa para a impossibilidade da aprovação do plano de cargos. O alerta teria sido feito pela coordenadoria de promotorias do patrimônio público do MPE/RN.

O comunicado encontraria embasamento no artigo 17 da Lei de Responsabilidade Fiscal. O enunciado do artigo discorre sobre  uma nova despesa continuada que seja superior a dois exercícios e a obrigatoriedade de ter uma fonte de receita demonstrada ou uma eventual redução de outra despesa que a  compense.

“Ainda não sei se o Ministério Público alertou formalmente a AL sobre a possível ilegalidade. Estou tentando confirmar essa informação que teria grande relevância. Acredito que amanhã [hoje] tenhamos essa confirmação”, afirmou o procurador Josino.


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