Se a distribuição de sacolas plásticas for proibida nos supermercados e estabelecimentos comerciais do Rio Grande do Norte, cerca de 3 mil trabalhadores poderão ficar sem emprego, levando em consideração quem fabrica, vende e recicla esse tipo de produto. A estimativa é do Sindicato da Indústria de Plástico do RN, que não tem, entretanto, um levantamento do total de pessoas que trabalha na cadeia produtiva. O movimento de substituição das sacolas plásticas por alternativas que seriam ecologicamente mais corretas, que começou no Sul e Sudeste e se espalha pelo país, preocupa as indústrias no RN.

Segundo a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do estado, há 17 fábricas de sacolas plásticas cadastradas em território potiguar. Juntas, elas empregam cerca de 1,2 mil pessoas apenas na área de produção. O número pode ser maior se levar em consideração as fábricas não cadastradas e as informais. No Brasil, as fábricas de sacolas plásticas empregam 30 mil pessoas diretamente.
Cláudio Venâncio de Souza, dono da Inplaverde, única fábrica de transformação de plástico em João Câmara, a 74 km de Natal, teme demitir os 92 empregados. Há 17 anos no mercado, a fábrica dele é considerada uma das maiores do ramo e produz até 80 toneladas de sacolas plásticas por mês. A produção é comercializada no próprio estado. “Se a medida for aprovada, vou ter que demitir”.
Sacolas plásticas não são o principal produto da Inplast, primeira indústria de transformação de plástico instalada em Parnamirim, na região da Grande Natal. Apesar disso, Vilma Maria Peixoto Stefan, dona da fábrica, está preocupada com os rumos que a discussão vem tomando. “Me sinto impotente diante deste movimento. As pessoas não estão preocupadas com os postos de trabalhos que serão fechados na Indústria de plástico. A cadeia produtiva envolve muitas pessoas. Vai desde quem fabrica até quem recicla as sacolas”.
Para ela, a saída seria implementar a coleta seletiva em todos os municípios, criar cooperativas de reciclagem e construir uma usina energética. Embora produza 30 toneladas de sacolas plásticas por mês, Vilma esclarece que não precisará demitir nenhum dos 18 funcionários. Quem trabalha com sacolas plásticas pode ser relocado para outro setor.
Preocupados com o futuro da indústria de sacolas plásticas, donos de fábricas potiguares têm buscado novas alternativas. Cláudio Venâncio, da Inplaverde, por exemplo, está produzindo, há pouco mais de 30 dias, sacolas oxibiodegradáveis - mais recomendadas, porque se esfarelam no meio ambiente. “Fiz um investimento agora para aumentar a fábrica. Investi mais de R$1 milhão. Espero que tomem, pelo menos, uma medida razoável. Se acabarem com as sacolas vão prejudicar muita gente. Não é só a minha fábrica, é muita gente. Estão olhando só para o momento. É preciso olhar para o futuro, avaliar o impacto da medida. É muito fácil tomar uma medida dessas sem avaliar o impacto que terá”, afirma.
Análise deve incluir vários ângulos
Para o Instituto sócio-ambiental dos Plásticos (Plastivida), o poder Legislativo, do Rio Grande do Norte, deve analisar todos os ângulos da questão antes de votar algum projeto de lei proibindo a distribuição de sacolas plásticas em supermercados e estabelecimentos comerciais. Além de provocar a demissão de vários funcionários e o possível fechamento de fábricas de sacolas plásticas, a medida, segundo a entidade, pode ser prejudicial para o meio ambiente.
Um relatório da Agência de Meio Ambiente britânico, obtido pelo jornal britânico “The Independent”, indicou que o material usado nas sacolas convencionais causaria menos impacto ambiental que a matéria-prima da ecobag. O estudo tem sido usado pelos produtores de sacolas e pela indústria em geral. “Sacolas plásticas seriam menos prejudiciais ao clima do que as sacolas de algodão, além disso emitem menos CO2 (um dos gases responsáveis pelo efeito estufa”, explica Miguel Bahiense, presidente da Plastivida. O estudo está sendo revisado.
Miguel também cita os interesses por trás da proibição. Segundo ele, a compra de sacolas plásticas representa o terceiro maior gasto dos supermercados brasileiros. Só em 2010, os donos de supermercados no País desembolsaram R$50 bilhões nesta compra. Desta forma, “qualquer medida que proibir a distribuição de sacolas plásticas será aplaudida pelo setor”, afirma Miguel. Para ele, a saída seria orientar a indústria a só produzir sacolas dentro dos padrões (capazes de suportar o peso das mercadorias e evitar o desperdício), orientar o varejo a só comprar sacolas dentro das normas e o consumidor a não consumir as sacolas de forma exagerada.
Reciclagem poderia ser alternativa
Enquanto o Poder Legislativo fala em proibir o uso de sacolas plásticas em supermercados e estabelecimentos comerciais já a partir de janeiro de 2012 – o deputado Fábio Dantas e o vereador Assis Oliveira têm projetos neste sentido - o Sindicato da Indústria de Plástico fala em implementar a coleta seletiva em todos os municípios. Para Conceição Tavares, presidenta do sindicato, ao invés de proibir o uso das sacolas, o estado poderia dar uma destinação correta ao material, abrindo cooperativas e contratando mais catadores.
Apesar de encontrar apoio no setor, a medida esbarra na falta de conscientização da população. “Estão dizendo que a sacola é o grande vilão do meio ambiente. Me diga uma coisa: adianta tirar a sacola plástica e não educar o povo?”, questiona Cláudio Venâncio, dono da Inplaverde, uma das maiores fábricas de sacolas plásticas no estado.
Para Cláudio, embora a medida tenha sido bem aceita por vários consumidores, proibir o uso das sacolas não é a única forma de frear o consumo. “Todo mundo só fala nisso, mas não tem um político que bote um projeto para cuidar do lixo dos municípios”, afirma ele. Segundo Conceição Tavares, presidenta do sindicato, decisões como esta exigem um estudo técnico. Antes de elaborar o projeto, ela recomenda que o estado avalie o impacto da medida, começando pela indústria de plástico.
Custo se torna praticamente o mesmo, no longo prazo
Carregar as compras em sacolas retornáveis pode parecer caro à primeira vista, mas o custo é praticamente o mesmo quando se considera um período de tempo mais longo.
Sacolas plásticas representam um acréscimo de 1% no preço da mercadoria, segundo a Associação dos Supermercados do RN (Assurn). Na prática, isso quer dizer que se o consumidor compra um quilo de carne por R$16, pagará R$16,16, porque está transportando numa sacola de plástico.
Se transportar compras de R$ 400 reais durante três anos, levando em conta que pagará R$ 4 pelas sacolas plásticas, desembolsará no final do período R$72,00. Como está embutido no preço da mercadoria, quase ninguém percebe.
Para carregar uma feira de R$400, o consumidor precisaria de até 20 sacolas retornáveis segundo cálculos da Assurn. Para isso, teria que desembolsar R$80, considerando que sacolas retornáveis custam R$4. Sacolas plásticas, R$0,02.
Num primeiro momento, a diferença de preço assusta, e até serve de justificativa para a popularização do saco plástico. Apesar da diferença, Geraldo Paiva, presidente da Assurn, ressalta que as sacolas retornáveis seriam compradas uma única vez. As ecobags, dependendo do uso, podem durar mais de três anos, enquanto as plásticas são descartadas pouco tempo depois.
Segundo a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do estado, há 17 fábricas de sacolas plásticas cadastradas em território potiguar. Juntas, elas empregam cerca de 1,2 mil pessoas apenas na área de produção. O número pode ser maior se levar em consideração as fábricas não cadastradas e as informais. No Brasil, as fábricas de sacolas plásticas empregam 30 mil pessoas diretamente.
Cláudio Venâncio de Souza, dono da Inplaverde, única fábrica de transformação de plástico em João Câmara, a 74 km de Natal, teme demitir os 92 empregados. Há 17 anos no mercado, a fábrica dele é considerada uma das maiores do ramo e produz até 80 toneladas de sacolas plásticas por mês. A produção é comercializada no próprio estado. “Se a medida for aprovada, vou ter que demitir”.
Sacolas plásticas não são o principal produto da Inplast, primeira indústria de transformação de plástico instalada em Parnamirim, na região da Grande Natal. Apesar disso, Vilma Maria Peixoto Stefan, dona da fábrica, está preocupada com os rumos que a discussão vem tomando. “Me sinto impotente diante deste movimento. As pessoas não estão preocupadas com os postos de trabalhos que serão fechados na Indústria de plástico. A cadeia produtiva envolve muitas pessoas. Vai desde quem fabrica até quem recicla as sacolas”.
Para ela, a saída seria implementar a coleta seletiva em todos os municípios, criar cooperativas de reciclagem e construir uma usina energética. Embora produza 30 toneladas de sacolas plásticas por mês, Vilma esclarece que não precisará demitir nenhum dos 18 funcionários. Quem trabalha com sacolas plásticas pode ser relocado para outro setor.
Preocupados com o futuro da indústria de sacolas plásticas, donos de fábricas potiguares têm buscado novas alternativas. Cláudio Venâncio, da Inplaverde, por exemplo, está produzindo, há pouco mais de 30 dias, sacolas oxibiodegradáveis - mais recomendadas, porque se esfarelam no meio ambiente. “Fiz um investimento agora para aumentar a fábrica. Investi mais de R$1 milhão. Espero que tomem, pelo menos, uma medida razoável. Se acabarem com as sacolas vão prejudicar muita gente. Não é só a minha fábrica, é muita gente. Estão olhando só para o momento. É preciso olhar para o futuro, avaliar o impacto da medida. É muito fácil tomar uma medida dessas sem avaliar o impacto que terá”, afirma.
Análise deve incluir vários ângulos
Para o Instituto sócio-ambiental dos Plásticos (Plastivida), o poder Legislativo, do Rio Grande do Norte, deve analisar todos os ângulos da questão antes de votar algum projeto de lei proibindo a distribuição de sacolas plásticas em supermercados e estabelecimentos comerciais. Além de provocar a demissão de vários funcionários e o possível fechamento de fábricas de sacolas plásticas, a medida, segundo a entidade, pode ser prejudicial para o meio ambiente.
Um relatório da Agência de Meio Ambiente britânico, obtido pelo jornal britânico “The Independent”, indicou que o material usado nas sacolas convencionais causaria menos impacto ambiental que a matéria-prima da ecobag. O estudo tem sido usado pelos produtores de sacolas e pela indústria em geral. “Sacolas plásticas seriam menos prejudiciais ao clima do que as sacolas de algodão, além disso emitem menos CO2 (um dos gases responsáveis pelo efeito estufa”, explica Miguel Bahiense, presidente da Plastivida. O estudo está sendo revisado.
Miguel também cita os interesses por trás da proibição. Segundo ele, a compra de sacolas plásticas representa o terceiro maior gasto dos supermercados brasileiros. Só em 2010, os donos de supermercados no País desembolsaram R$50 bilhões nesta compra. Desta forma, “qualquer medida que proibir a distribuição de sacolas plásticas será aplaudida pelo setor”, afirma Miguel. Para ele, a saída seria orientar a indústria a só produzir sacolas dentro dos padrões (capazes de suportar o peso das mercadorias e evitar o desperdício), orientar o varejo a só comprar sacolas dentro das normas e o consumidor a não consumir as sacolas de forma exagerada.
Reciclagem poderia ser alternativa
Enquanto o Poder Legislativo fala em proibir o uso de sacolas plásticas em supermercados e estabelecimentos comerciais já a partir de janeiro de 2012 – o deputado Fábio Dantas e o vereador Assis Oliveira têm projetos neste sentido - o Sindicato da Indústria de Plástico fala em implementar a coleta seletiva em todos os municípios. Para Conceição Tavares, presidenta do sindicato, ao invés de proibir o uso das sacolas, o estado poderia dar uma destinação correta ao material, abrindo cooperativas e contratando mais catadores.
Apesar de encontrar apoio no setor, a medida esbarra na falta de conscientização da população. “Estão dizendo que a sacola é o grande vilão do meio ambiente. Me diga uma coisa: adianta tirar a sacola plástica e não educar o povo?”, questiona Cláudio Venâncio, dono da Inplaverde, uma das maiores fábricas de sacolas plásticas no estado.
Para Cláudio, embora a medida tenha sido bem aceita por vários consumidores, proibir o uso das sacolas não é a única forma de frear o consumo. “Todo mundo só fala nisso, mas não tem um político que bote um projeto para cuidar do lixo dos municípios”, afirma ele. Segundo Conceição Tavares, presidenta do sindicato, decisões como esta exigem um estudo técnico. Antes de elaborar o projeto, ela recomenda que o estado avalie o impacto da medida, começando pela indústria de plástico.
Custo se torna praticamente o mesmo, no longo prazo
Carregar as compras em sacolas retornáveis pode parecer caro à primeira vista, mas o custo é praticamente o mesmo quando se considera um período de tempo mais longo.
Sacolas plásticas representam um acréscimo de 1% no preço da mercadoria, segundo a Associação dos Supermercados do RN (Assurn). Na prática, isso quer dizer que se o consumidor compra um quilo de carne por R$16, pagará R$16,16, porque está transportando numa sacola de plástico.
Se transportar compras de R$ 400 reais durante três anos, levando em conta que pagará R$ 4 pelas sacolas plásticas, desembolsará no final do período R$72,00. Como está embutido no preço da mercadoria, quase ninguém percebe.
Para carregar uma feira de R$400, o consumidor precisaria de até 20 sacolas retornáveis segundo cálculos da Assurn. Para isso, teria que desembolsar R$80, considerando que sacolas retornáveis custam R$4. Sacolas plásticas, R$0,02.
Num primeiro momento, a diferença de preço assusta, e até serve de justificativa para a popularização do saco plástico. Apesar da diferença, Geraldo Paiva, presidente da Assurn, ressalta que as sacolas retornáveis seriam compradas uma única vez. As ecobags, dependendo do uso, podem durar mais de três anos, enquanto as plásticas são descartadas pouco tempo depois.
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