sábado, 20 de agosto de 2011

Brasil está mais forte, mas não está imune, diz Dilma


Ao entregar, ontem, unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida, em São José do Rio Preto (SP), a presidenta Dilma Rousseff disse que o Brasil não está em crise, referindo-se aos problemas na área econômica que afetam países da Europa e os Estados Unidos. Ela ressaltou que o governo brasileiro tem dado continuidade a programas sociais que movimentam a economia. "Essa crise que começou em 2008 não acabou, mas nós aqui continuamos no nosso caminho, porque nós não estamos em crise", disse a presidenta. Ela reiterou que o Brasil está forte para enfrentar turbulências, mas reconheceu que a crise mundial pode afetar a economia brasileira.
roberto stuckert filhoA presidenta falou sobre a crise durante entrega de casas do programa Minha Casa  Minha VidaA presidenta falou sobre a crise durante entrega de casas do programa Minha Casa Minha Vida

A presidenta ressaltou que o País não é imune à turbulência global e admitiu haver dificuldades no processo de enfrentamento dos efeitos da desaceleração mundial. "O que nós estamos tentando neste ano é nem entrar (na crise), é parar ela na porta. É difícil? É difícil, nós não somos imunes, uma ilha", afirmou.

Dilma lembrou que, em 2009, a economia brasileira sofreu os reflexos da crise financeira mundial, agravada pela quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008. "É óbvio que (a crise) tem efeito. Em 2009, nós tomamos todas as medidas. O Brasil entrou na crise, tanto que nós tivemos uma queda no PIB (Produto Interno Bruto). Mas logo em seguida entramos no ano de 2009 e saímos (da crise) em 2010", afirmou. "É importante garantir que neste momento nós consigamos conter os efeitos perversos de uma crise que não fomos nós que criamos e que pode atingir o Brasil", disse.

A presidenta ainda defendeu como um dos mecanismos para o País resistir aos efeitos da atual crise mundial o aumento do emprego.

Dilma esteve ontem no loteamento Parque Residencial Nova Esperança, em São José do Rio Preto, para a entrega de 1.993 unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida. O investimento, de acordo com o Ministério das Cidades, é de R$ 87,28 milhões e as moradias serão destinadas a famílias com renda mensal de até R$ 1.600.

Na ocasião, ela afirmou ainda que o governo federal tem trabalhado atualmente para evitar que o cenário global contamine a atividade econômica nacional.

"A cada dia estamos mais fortes para nos proteger, para fazer esse país crescer quando a crise lá fora acontece, e vamos continuamos aqui trabalhando, construindo casas, criando mais indústrias, mais empregos, fazendo nossa parte que é saber que esse país é muito rico, temos petróleo, minério, nossa agricultura é forte, temos industriais", disse no discurso em São José do Rio Preto (SP).

Câmbio flutuante é arma do país frente à crise

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O regime de câmbio flutuante é um importante instrumento para que o Brasil possa enfrentar turbulências na economia internacional, "sendo capaz de absorver choques externos, ao menor custo para a sociedade", disse ontem o diretor de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos e de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira da Silva.

Em palestra realizada no 30º Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex 2011), no Rio de Janeiro, Awazu acrescentou que o governo poderá reintroduzir "rapidamente" medidas emergenciais adotadas no auge da crise financeira internacional, em 2008, "na eventualidade de deterioração do cenário externo" e caso a crise atual venha a afetar o setor exportador. Ressaltou, porém, que "o Banco Central agirá somente se e quando for necessário".

Na avaliação do diretor do BC, as bases do crescimento interno, bem como os fundamentos da economia nacional, são sólidos. Isto reforça a tendência de tornar a nossa moeda (o real) um ativo importante tanto para a alocação de recursos, como para a diversificação de riscos. Considerou que a tendência estrutural de apreciação do real reflete mudanças nos polos de dinamismo da economia global "e revela uma melhora nos fundamentos da economia brasileira".

O diretor do BC declarou ainda que a apreciação do real tem acompanhado o movimento registrado em outros países. Nos últimos 12 meses, ele disse que o real ocupa a nona posição entre as moedas que mais se valorizaram ante o dólar. Citou, entre as de maior apreciação o franco suíço, que valorizou 32% no período, o dólar australiano (17%) e o yen, do Japão, cuja apreciação foi 12%. "Ou seja, mesmo as moedas de países com diferenciais de juros pequenos em relação ao juro americano estão sujeitas a processos de apreciação".

Awazu destacou o papel do setor exportador para o crescimento da economia brasileira, contribuindo para o aumento de produtividade e a diminuição das vulnerabilidades externas. Para ele, esses são elementos fundamentais para que o Brasil possa enfrentar os desafios globais.

Disse que o Brasil hoje está mais preparado para enfrentar o cenário internacional complexo de grandes desafios. Destacou, porém, que o momento atual não prevê a repetição da intensidade da crise de 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário