Crise dificulta captação de recursos por bancos
A crise internacional cria dificuldades e exige criatividade, principalmente dos bancos médios e pequenos, para a captação de recursos. O quadro, observado por fontes do mercado, é validado pelo governo. O Banco Central e o Ministério da Fazenda reforçam a "torre de observação" e estão prontos para atuar, em caso de uma evolução negativa da situação diante da possibilidade de contaminação da volatilidade do cenário global.divulgaçãoOs bancos estão mais cautelosos na concessão de crédito, o que diminui a necessidade de captação
"Há hoje um mal-estar mundial que não está resolvido porque todo dia tem um problema novo no mundo. Este momento mundial nos preocupa, não só em relação aos pequenos e médios, mas também com os grandes bancos", admitiu o presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Renato Oliva. A ABBC é a entidade representativa das instituições bancárias de pequeno e médio portes.
Nesse ambiente de maior insegurança, Oliva explicou que as instituições começam a rever suas estratégias de atuação para captar mais recursos. Ele mencionou o exemplo do banco Sofisa, que mostrou um caminho interessante ao optar pelo esforço de vender mais CDBs de até R$ 70 mil, que contam com garantia integral do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Segundo Oliva, essa busca por uma maior penetração no mercado de varejo é boa alternativa porque diminui a concentração de investidores, ao mesmo tempo em que fortalece as instituições. Ele explica que, por meio dessa estratégia, os bancos médios e pequenos podem dar um diferencial de rentabilidade aos aplicadores. Para o presidente da ABBC, os bancos de menor porte têm condições de fazer essa transição de modelo de captação. Afinal, também estão sendo mais cautelosos na concessão de crédito, o que diminui a necessidade de captação de recursos em mercado.
Apesar da maior dificuldade de captação dos bancos de menor porte, nenhuma instituição procurou o FGC para solicitar ajuda.
Instituições de menor porte também sofreram em 2008
A crise de 2008 criou sérias dificuldades para os bancos, em especial os de menor porte, diante do congelamento do mercado de crédito internacional. Nesse contexto, o governo agiu estimulando a compra de carteiras de créditos de bancos menores por instituições financeiras de maior porte - com destaque para os bancos públicos - e pelo FGC, que desembolsou cerca de R$ 6 bilhões. O BC também liberou os depósitos que as instituições tinham na instituição, os chamados compulsórios. Passada essa etapa, o ano de 2010 mostrava-se mais favorável para as instituições acessarem fontes de recursos. Mas aí, próximo do fim daquele ano, surgiu o problema das fraudes do banco Panamericano, que criou um mal-estar no mercado, colocando um freio nas operações de vendas de carteira, diante da falta de apetite das grandes instituições por esses produtos. A solução encontrada pelos bancos para driblar a dificuldade de vender as carteiras foi voltar ao mercado externo.
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