sábado, 20 de agosto de 2011

Tropas leais ao governo matam manifestantes


Forças de segurança da Síria mataram ontem pelo menos 20 manifestantes  ao redor do país, em mais uma jornada de protestos contra o presidente Bashar Assad e de repressões brutais lançadas pelos militares. Assad, que herdou o poder do seu pai Hafez em 2000, enfrenta agora o mais sério desafio ao seu governo autocrático e também um crescente isolamento internacional. Na quinta-feira, os Estados Unidos e a Europa pediram a renúncia do mandatário.

"Adeus Bashar, te vemos no tribunal de Haia" gritaram manifestantes em Hama, se referindo ao fato do promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luis Moreno-Ocampo, ter recebido relatórios de atrocidades na Síria. Moreno-Ocampo disse que no momento não tem "jurisdição" para processar Assad porque o atual governo sírio não reconhece o TPI O Observatório Sírio dos Direitos humanos, sediado em Londres, disse que 20 pessoas foram mortas ontem na repressão incluídas oito no vilarejo de Ghabagheb, no sul da Síria, cinco no vilarejo vizinho de Hirak, duas em Homs e três pessoas mortas nos vilarejos de Inkhil, Nawa e no subúrbio damasceno de Harasta Outras duas pessoas foram mortas a tiros perto de Deraa, no sul do país.

As Nações Unidas publicaram ontem um relatório dizendo que forças do governo sírio podem ter cometido crimes contra a humanidade, ao conduzirem execuções sumárias, terem torturado prisioneiros e alvejado crianças. O relatório lembra o caso de um menino de 13 anos, Hamza al-Khatib, cuja castração e tortura, seguida de morte, o tornaram um símbolo dos manifestantes.

Há também relatos de disparos feitos num bairro de Damasco quando milhares de pessoas foram para as ruas de todo o país para pedir o fim do governo de Assad. Segundo o Observatório e os Comitês de Coordenação Locais - grupo que documenta os protestos - as manifestações também ocorreram após as orações de sexta-feira na cidade central de Homs, em Latakia, na costa do Mediterrâneo, e em Deir el-Zor, no leste.

Os Comitês disseram que ocorreram tiroteios no bairro de Qadam, em Damasco, mas nesse caso não há informações sobre mortos ou feridos. Segundo a televisão síria, quatro policiais foram feridos por homens armados na vila de Inkhil, no sul do país. Grupos de direitos humanos e testemunhas afirmam que as tropas sírias mataram mais de 1.800 civis desde meados de março.

Sanções

A União Europeia (UE) estuda impor mais sanções econômicas à Síria, incluindo um possível embargo às importações de petróleo. O porta-voz Michael Mann disse nesta sexta-feira que um comitê de política econômica estuda várias opções para o que pode ser a quinta rodada de sanções contra o regime de Assad. Um embargo ao petróleo sírio se alinharia às mais recentes medidas dos Estados Unidos contra o governo da Síria, que inclui a proibição de importações de petróleo e derivados provenientes do país.

A maior parte do petróleo sírio vai principalmente para países europeus como Alemanha, Itália e França. Se a UE implementar as sanções, a medida vai reduzir significativamente os recursos do governo.

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